Não era a tpm, e eu não estava deprimida. Mas por algum motivo, eu queria gritar.
Não era o salário atrasado, e não eram as dívidas. Não era a solidão.
Era o desejo do coração adiado. e o lado humano que, às vezes, desespera.
Era a saudade.
Queria comprar sapatos, ou qualquer outro supérfluo. Lembrei do armário abarrotado das coisas que não servem mais, esperando que eu tenha tempo para doá-las.
Pensei em procurar por quem não vale mais à pena ser encontrado, e desisti por saber que depois disso só sobraria arrependimento.
Pensei na angústia que comprimia o meu coração a cada pensamento e que ainda me impulsionava a gritar. Sim, eu queria gritar... mas de que isso me serviria?
Então apelei pro chocolate.
E pra pizza, pro refrigerante, pro biscoito recheado e tudo o mais que pudesse me desviar da ansiedade.
Era só comida, não era amor.
Não era você.
Era só a tentativa enlouquecida de suprir uma carência. Como tantas outras tentativas desesperadas de ter o que não precisava porque não podia ter o que realmente necessito. O que quero...
Saudade...
Filme de hoje: (500) Dias com Ela
Pra quem pensa que essa é só mais uma comédia romântica água com açúcar, acredite, aqui a história é um pouquinho diferente, desde a narração inicial à inversão de expectativas, passando pelas inúmeras referências pop.
Transitando entre o fim e o início da relação em ordem não-cronológica, (500) Dias com Ela apresenta um retrato mais honesto e sincero sobre o amor do que a maioria das produções do gênero. Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt) idealiza o amor e não é assim que as coisas são, o que aprendemos depois de alguns relacionamentos desfeitos e dezenas de paixões não-correspondidas.