"Para quem não sabe onde quer chegar, qualquer lugar serve."

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Mais "Pessoal", Menos "Personal"

Como se não bastasse as milhares de pessoas que se aventuram em sites especializados para “arrumar” um relacionamento (o que não tenho nada contra, que fique claro), vi recentemente, em algum lugar que não me recordo, provavelmente num desses programas de domingo da TV, que foi criada uma nova forma de prestação de serviço: o “amigo de aluguel”. Dei uma pesquisada no Google, e descobri que já até existe um nome em Inglês para a tal atividade: “personal friend”. O que me fez pensar... Afinal, existe algum “friend” que não seja “personal”? O pleonasmo foi proposital, para forjar uma afinidade com “personal trainer”? Não seria mais adequado chamar a tal profissão de “friend for rent”?
E o que seria isso? É exatamente o que aparenta: pessoas que se propõem a exercer o papel de amigo mediante o pagamento de honorários!
E eu me pergunto, a que ponto chegou a solidão das pessoas?
A idéia em si não é tão ruim quanto parece num primeiro momento (e um primeiro momento bem pré-julgatório, eu diria, já que há quem confunda a atividade até, em alguns casos, erroneamente, com prostituição). Mas segundo constava em tudo o que li, há até um código de ética já estabelecido para a nova “profissão”. Por exemplo, as principais atribuições de um amigo de aluguel é ir a cinemas e teatros com seus clientes, fazer refeições, ouvir os problemas e queixas do cliente, e quando tem condições acaba dando sua opinião, aconselhando, influenciando a vida do outro. Acontece que nem sempre as pessoas têm a disponibilidade de ir caminhar calmamente no parque, às três horas da tarde.
Um amigo de aluguel (este nome, definitivamente, é péssimo), contudo, não vai ter que se desviar de sua rotina profissional para amparar quem precise bater um papo para aliviar a dor de corno, ou para dividir a angústia e a ansiedade geradas por uma mudança iminente: passar o tempo falando com as pessoas sobre isso é a sua rotina profissional. Há ainda caso de estadas curtas em cidades estranhas (no sentido de desconhecidas, não necessariamente de esquisitas), quando alguém com menos facilidade de relacionar-se poderia se sentir extremamente solitário. Sem falar que a pessoa pode precisar de quem a leve para jantar, divertir-se, quem a guie nos programas culturais pela cidade.
Ainda assim, pra mim, é complicado pensar que podemos por preço em uma amizade.
Dinheiro nenhum no mundo pode pagar o valor de um amigo de verdade. E é difícil pensar que existem pessoas com tanta dificuldade de se relacionar com outras ao ponto de precisar pagar para ter algo que vale muito mais à pena quando se é conquistado.
Minha amizade não tem preço, é algo que eu dou sem esperar nada em troca. O “pagamento” pela minha amizade é meu amigo aceitar receber o Amor que o dedico. O significado da palavra Amizade, etimologicamente falando, é “sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual, além de ser entendimento, concordância”. Ora, meus sentimentos não estão à venda, e acredito que tampouco estão os de todos os amigos que tenho! (os quais acredito serem os melhores amigos do Universo, e esta não é uma metáfora). Sem falar que não consigo imaginar passar tempo com alguém que está mais interessada no meu dinheiro do que no que realmente penso ou sinto.
Sei que, em muitas situações, uma pessoa precisa de outra para desabafar, para falar sem ser interrompida, e até preferem fazer isso com estranhos, evitando o julgamento dos outros, mas não é pra isso que servem os psicólogos, por exemplo?
Eu confesso que até acho legal o fato de existir seres humanos que se dediquem à atividade de ouvir outras pessoas, mesmo que esteja recebendo por isso. Só não dá é pra confundir papéis, e querer substituir anos de estudo e preparo (necessários para formar um psicólogo) por boa vontade e tempo livre: certas coisas precisam ser tratadas por profissionais, e cabe não só ao prestador de serviços esse discernimento, mas em grande parte também à principal parte dessa equação, o cliente.

Dica de cinema de hoje... Não Há!!!
TPM fortíssima, tirou a minha inspiração para filmes!
Nem sei como consegui escrever isso (provavelmente, socando o teclado!)

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